Desmistificando alguns termos frequentes da Ressonância Magnética do Joelho

A maioria dos termos não reflete maior gravidade.

Muitos pacientes se assustam quando se deparam com alguns termos complexos da Ressonância Magnética do joelho. A Ressonância Magnética é um exame com alta definição e muitas alterações identificadas são consideradas achados de exame (achadas por acaso na investigação de algum outro diagnóstico), não causam sintomas e não devem ser valorizadas. 

Nesse artigo, vou desmistificar a linguagem utilizada pela radiologia para descrever algumas alterações comuns desse exame. A maioria são termos que não necessariamente indicam doença de maior gravidade, e são alterações encontradas com bastante frequência. 

– Derrame articular: essa expressão costuma ser bastante temida. Porém, nada mais é do que o aumento da quantidade de líquido dentro da articulação do joelho. Em condições normais, o joelho já tem uma fina camada de um líquido que recobre a articulação que chamamos de líquido sinovial. Esse aumento de líquido pode ser decorrente de trauma, torção ou inflamação. Raramente indicam manifestação de algo mais grave, como infecção ou doença reumatológica. Na maioria das vezes não é preocupante, mas precisa de avaliação médica. 

– Condropatia: apesar de significar “cartilagem doente” quando desmembramos essa palavra em sua origem, é extremamente comum, frequentemente assintomática, e que possui grande espectro, desde um discreto amolecimento da cartilagem até o seu desgaste mais profundo atingindo o osso subcondral (logo abaixo da cartilagem). Avaliação clínica criteriosa para o tratamento dos pacientes com sintomas é fundamental para definir se a condropatia é de fato a causa da dor. Geralmente é um termo que vem acompanhado de “fissuras condrais”:

– Fissura condral superficial: desgaste superficial (<50% de espessura) da cartilagem do joelho. Geralmente indica uma condição bem localizada, pontual dentro da articulação. Muitas vezes não produz sintomas e é considerado achado de exame.

– Fissura condral profunda: desgaste profundo (>50% de espessura) da cartilagem do joelho. Muitas vezes também indica uma condição bem localizada, pontual dentro da articulação. Bastante comum e não necessariamente produz sintomas.

– Cisto de baker: acúmulo de liquido sinovial na região posterior do joelho que vem de dentro da articulação. Extremamente comum e está relacionado a alguma doença ou lesão de dentro da articulação, como lesões meniscais ou de cartilagem. Raramente requer sua retirada cirúrgica pois na maioria das vezes regride conforme o tratamento da patologia que o desencadeia.

– Alteração degenerativa do menisco: a palavra degeneração costuma tirar o sono de muitos. Porém, nem sempre representa uma lesão e quando é, tende a ser lesão estável do menisco, que se desenvolve lentamente por impacto e esforço repetitivo e, na maioria das vezes, não necessita de cirurgia. 

– Contusão óssea: alteração na interface ósseo-cartilaginosa da articulação resultante de um impacto agudo por episódio de trauma ou entorse do joelho. Dependendo da magnitude do trauma pode deformar a superfície da articulação. Desencadeia edema ósseo, mas esse nem sempre advém de uma contusão óssea. Autolimitada e de resolução espontânea com repouso.

– Edema ósseo: reação óssea por transmissão de energia cinética da superfície da articulação em direção ao osso subjacente (envolto pela cartilagem). Pode decorrer de trauma direto, entorse ou impacto crônico e continuo. Gera ruptura de algumas trabéculas ósseas, porém insuficiente para gerar um traço de fratura. Pode causar dor, desconforto e incapacidade de apoiar o membro. Porém tem bom prognóstico, pois é reabsorvido e desaparece após um tempo com repouso.

– Hoffite: inflamação da Gordura de Hoffa, que é um tecido que envolve internamente o tendão patelar e que serve para diminuir o seu atrito, conforme o movimento do joelho. Geralmente relacionado à sobrecarga da patela e tendões do quadríceps e patelar (mecanismo extensor). Seu diagnóstico pode ser confundido com tendinite patelar.

Ter familiaridade com esses termos pode evitar ansiedade excessiva e muitas vezes desnecessária quando diante do seu exame de ressonância magnética. A avaliação médica é indispensável para que os seus sintomas sejam correlacionados com exatidão aos achados desse exame. Por isso, procure sempre a avaliação do ortopedista! Envie suas dúvidas e comentários!

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