Lesão Parcial do Ligamento Cruzado Anterior

PRINCIPAIS LESÕES

Sobre a Lesão Parcial do Ligamento Cruzado Anterior

A rotura do Ligamento Cruzado Anterior (LCA) pode ser completa, ou seja, quando 100% das fibras do ligamento se rompem. Nesse caso, as extremidades do ligamento perdem a conexão entre si, deixando o ligamento totalmente sem funcionar. Por outro lado, o rompimento do ligamento cruzado pode ser parcial quando, após uma torção do joelho, sobra uma parcela das fibras conectando as extremidades do ligamento. Ou seja, o ligamento ainda pode funcionar mesmo que com alguma deficiência.

E o tratamento da lesão parcial é igual da lesão completa do Ligamento Cruzado Anterior?

Como já vimos anteriormente,  a lesão completa do Ligamento Cruzado Anterior, na maioria das vezes, precisa de cirurgia. Já na lesão parcial do Ligamento Cruzado, nem sempre a cirurgia é necessária. Isso porque muitas vezes a parte que sobra do ligamento sem romper é suficiente para manter o joelho da pessoa firme.

Como é possível saber se uma lesão parcial vai precisar ou não de cirurgia?

Primeiramente, temos que avaliar a imagem do ligamento cruzado no exame de ressonância magnética. Basicamente, se na ressonância vemos um ligamento com boa quantidade de fibras “ligando” as suas extremidades, existe boa chance de não precisar operar. Ao contrário, se é uma lesão parcial, mas com boa parte das fibras que se romperam, a tendência é que vamos precisar da cirurgia.

 

Além da ressonância, vai ser necessário a cirurgia se:

– O paciente reclama do joelho estar “frouxo”.
– Se no exame físico, os testes do ligamento cruzado mostram que o joelho está “solto”.
– E por fim, avaliamos com um aparelho (artrômetro) que mede a estabilidade do joelho em milímetros. Nesse caso, avaliamos se existe ou não uma grande diferença de frouxidão entre o joelho normal e o lesionado. Se a diferença for grande (>4mm), o paciente vai precisar operar. Caso contrário (< 4mm), podemos seguir sem cirurgia.

E se a cirurgia for mesmo necessária?

Em primeiro lugar, é importante saber que a cirurgia de reconstrução da rotura PARCIAL do Ligamento Cruzado Anterior é praticamente a mesma de quando há o rompimento completo do LCA. Ou seja, através da Reconstrução do LCA com enxerto. Mas quando o ligamento não rompe todo, temos 2 opções:

– Primeira opção: deixar a parte do ligamento que não rompeu intacta e fazer a Reconstrução do LCA deixando o enxerto em íntimo contato o ligamento original que sobrou sem romper (no vídeo abaixo eu mostro como fazemos isso).

– Segunda opção: remover todo o ligamento (inclusive a parte que não rompeu), e fazer a Reconstrução do LCA com enxerto.

Sendo assim, na minha rotina, quando há rompimento parcial, eu procuro optar pela PRIMEIRA OPÇÃO. Ou seja, faço a reconstrução do LCA com enxerto, e o colocamos em íntimo contato com a parte do ligamento que não rompeu, preservando-a.

E qual seria a vantagem de manter a parte do ligamento que sobrou sem romper?

Com a preservação da parte do ligamento que não rompeu, conseguimos também manter parte da sua irrigação sanguínea e inervação. Nesse sentido, existem estudos que mostram que os vasos sanguíneos e nervos preservados junto com o ligamento que não rompeu auxiliam a incorporação do enxerto no osso. Em outras palavras, é como se nós melhorássemos a “pega” desse novo ligamento (enxerto). Além disso, acreditamos que a preservação do ligamento, também melhora a estabilidade do joelho após a cirurgia. Ou seja, o joelho fica mais firme.

Por último, essa técnica é chamada de Reconstrução biológica do Ligamento Cruzado Anterior. Basicamente, nessa técnica, realizamos os túneis do fêmur e da tíbia sem danificar o ligamento que sobrou. Sendo assim, ao término da cirurgia, temos não só o enxerto substituindo o LCA, mas também as suas fibras que não romperam preservadas. Com isso, o resultado final da cirurgia fica excelente.

Espero que tenham gostado do conteúdo! Se quiserem tirar alguma dúvida diretamente comigo é só entrar em contato no meu email: contato@fernandocuryrezende.com.br

Esse vídeo mostra uma ilustração de como preparamos o túnel da tíbia com a presença do ligamento que sobrou sem romper no caso de uma lesão parcial do Ligamento Cruzado Anterior.